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Esqueça de mim

Marcelo Albagli

Partindo de fotografias de personalidades históricas, Marcelo Albagli apresenta a exposição “Esqueça de mim”, com cerca de 20 desenhos em grafite sobre papel do século 19, que tratam de memória – afetiva, nacional e histórica.  As folhas antigas trazem marcas do tempo, como mofo, manchas e amarelados, que interessam ao artista e se integram às obras.


A série de trabalhos que dá nome à exposição retrata o rosto de cinco presidentes da ditadura militar: Artur da Costa e Silva, Emílio Médici, Ernesto Geisel, Humberto Castello Branco e João Figueiredo. Com cerca de 1mX1m, os desenhos são feitos sobre folhas de papel de livros antigos e, para chegar no tamanho que deseja, o artista junta essas folhas. “Há a materialidade do suporte, textura, volume, peso, gravidade, cheiro. Não é só o desenho como imagem, é o desenho como matéria”, afirma Marcelo Albagli.  

Também farão parte da exposição quinze trabalhos da série “Brasília 19:00”, que retratam signatários do AI-5, como Jarbas Passarinho e Delfim Netto. O nome da série faz alusão a Voz do Brasil e ao rádio e esta sala será ambientada com spots originais da rádio relógio, com a voz do locutor Tavares Borba. Nesta mesma sala também estarão trabalhos que retratam outros políticos brasileiros, mas nos quais o artista faz intervenções, como manchas e borrões, chegando a derreter o grafite em algumas, quase apagando o desenho, criando uma espécie de fantasma da figura. “A memória se constitui como um corpo em construção, ao mesmo tempo individual e coletivo, físico e desmaterializado, a partir de inúmeras camadas de tempo, história, realidade e ficção. As lembranças do artista são como gatilhos que acionam nossas próprias lembranças. Somos colocados quase que diante de um espelho, olhando frente a frente cada um desses rostos”, afirma a curadora.

“Tem um caráter político, mas, acima de tudo, é um processo de construção da minha memória, da minha infância, lembrar da atmosfera, dos cheiros, dos tons, das roupas”, diz o artista. Em comum, os trabalhos trazem sempre apenas o rosto dos personagens, centralizado na folha de papel, tanto nos desenhos menores quanto nos maiores, compostos por diversas folhas, em uma alusão às fotos oficiais. Como referência para fazer estes desenhos fidedignos, o artista fez um longo trabalho de pesquisa em arquivos jornalísticos. 

Sobre a exposição

Sobre o artista

Marcelo Albagli vive e trabalha no Rio de Janeiro. É mestre em design pela University of Arts London, no Reino Unido. Frequentou oficinas de pintura, desenho e litografia na EAV Parque Lage, onde atualmente é professor, e estudou gravura e teoria da arte na Kunsthøjskolen i Holbæk, na Dinamarca, país onde se formou em vídeo e cinema pela Københavns Mediecenter. Possui cursos livres em diversas instituições, como Escola Sem Sítio, PUC-Rio, Instituto Adelina e Berlin Art Institute, este último na Alemanha.

Em 2021, participou das coletivas Dobras (Paço Imperial / RJ), Coleção de Pedras Vivas (Casa da Escada Colorida / RJ) e Movimentos laterais, de afastamento e de colisão (Galeria Quarta Parede / SP). Ainda no mesmo ano, foi selecionado para o 46° Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo, para o 17° Salão Nacional de Arte Contemporânea de Guarulhos e para o Trinity Buoy Wharf Drawing Prize, em Londres. Em 2022, foi artista residente na DRAWinternational, em Caylus, França.

Sobre a curadora

Fernanda Lopes é curadora, crítica de arte e pesquisadora. Doutora pela Escola de Belas Artes da UFRJ, é Diretora Artística do Instituto Pintora Djanira e professora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde foi aluna. Organizou, ao lado de Aristóteles A. Predebon, o livro “Francisco Bittencourt: Arte-Dinamite” (Tamanduá-Arte, 2016). Escreveu os livros “Área Experimental: Lugar, Espaço e Dimensão do Experimental na Arte Brasileira dos Anos 1970” (Bolsa de Estímulo à Produção Crítica, Minc/Funarte, 2012) e “Éramos o time do Rei – A Experiência Rex” (Prêmio de Artes Plásticas Marcantonio Vilaça, Funarte, 2006).


Entre as curadorias que vem realizando desde 2009 está a atuação como curadora adjunta do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2016-2020), curadora associada do Centro Cultural São Paulo (2010-2012), e curadora convidada da Sala Especial do Grupo Rex na 29ª Bienal de São Paulo (2010). Em 2017 recebeu, ao lado de Fernando Cocchiarale, da Associação Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA) o prêmio Prêmio Maria Eugênia Franco (curadoria de exposição em 2016) pela curadoria da exposição “Em Polvorosa – Um panorama das coleções MAM-Rio”. É membro do Conselho Editorial da revista Concinnitas (UERJ).

Informações

"Esqueça de mim" de Marcelo Albagli e "Nascer de Terras" de Amanda Coimbra na Z42 Arte
Abertura: 19 de novembro de 2022, às 16h
Exposição: até 17 de dezembro de 2022
Rua Filinto de Almeida, 42, Cosme Velho – Rio de Janeiro
Telefone: (21) 98148.8146
De segunda a sexta, das 11h às 16h. (Sábado, mediante agendamento.)
Entrada franca

Atividades em torno da exposição

  • Como parte da exposição, no dia 26 de novembro será realizada uma conversa entre a artista Amanda Coimbra e a engenheira química Teresinha de Jesus Alvarenga Rodrigues, que foi tecnologista sênior do Observatório Nacional. A conversa será gratuita e aberta ao público.

  • No dia 3 de dezembro, os artistas e a curadora Fernanda Lopes farão uma visita guiada pela exposição.

  • No dia 10 de dezembro, Marcelo Albagli conversará com a jornalista e professora de jornalismo na PUC-Rio, Rose Esquenazi. A conversa também será gratuita e aberta ao público.

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