A partir de uma pesquisa sobre cartazes de filmes pornôs das décadas de 1970 e 1980 Caroline Valansi desarticula e rearticula questões e tabus sobre a sexualidade. Presente já há muito em sua pesquisa artística essas rearticulações se dão, em Língua Nua, através de recortes e remontagens que criam brechas e fendas para enxergar através do explícito do sexo. O jogo de palavras nos anagramas: Sexo Explícito e Sexo Lícito constroem essa ideia de um sexo que seja livre, com a presença de corpos que, ao serem remodelados pela ação da artista nos cartazes, se conectam aos não identificados com a norma e o padrão da pornografia. O nome Língua Nua, achado da palavra nua dentro da palavra língua, desenha ao mesmo tempo um encontro molhado desse órgão comum a todos os corpos, com sua função tanto de elemento de prazer, como sua relação com a fala e a linguagem, tanto nos sons que aparecem no trabalho Corpo Transante, quanto nas películas, montadas como linguetas, que escorrem misturando imagens de um passado que projeta expectativas, tabus, desejos e repressões que os corpos presentes podem ressignificar ao tentar remontar e reconectar os espaços vazios criados nos cortes, protuberâncias e buracos na linguagem nua do sexo.