Com uma vasta trajetória de mais de 30 anos, questionamentos naturais do fazer artístico estiveram presentes na certeza do prazer que Kakati de Paiva nos apresenta sobre suas escolhas pictóricas, desde o empirismo de seu começo até a maturidade surpreendente de sua consciência artística.
Arquiteto de formação, praticante de preceitos orientais em sua visão de mundo, com uma vida dedicada à criação e à intensa busca para ampliar a percepção das coisas e de seu lugar no mundo, Kakati se manteve sempre fiel à dinâmica estética do Abstracionismo como escolha de campo conceitual no qual brota sua arte. A cadência que norteia seu trabalho é a pintura, território germinal imanente que permeia sua plasti- cidade pela expressão gestual livre, presente de cores intensas e formas incontidas, que nos remetem à diversificação de ritmos de partituras musicais. Reverbera o desejo de deslizar pelos traços descontínuos plenos de uma liberta, intensa e consistente profusão cromática contrastante, dissolvida no esvair das tintas.
Seus trabalhos percorrem a constante dialética entre planos-pensamentos que permeiam momentos ligados a limites e a espaços dialogantes entre si e que, de alguma forma, disputam, em conflitos atempo- rais, pausas e ritmos múltiplos de experiências combinatórias. O livre exercer da linguagem pictórica e de deslocamentos gestuais potencializa um rico cromatismo e a relação direta com as cores. O artista o materializa como discurso poético decididamente primordial e pela presença de seus valores plásticos em contrapontos visuais daquilo que permanece atento ao seu olhar inquieto à compreensão urgente do nosso mundo contemporâneo.
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