John Nicholson
em Anima Mundi e a Natureza plástica
10 de abril a 07 de maio de 2019
Cunhado pelo Platonista inglês Ralph Cudrwoth, originário de Cambridge, o termo “Natureza Plástica”, significaria, “um agente físico como causa de todas as formas de organização e mola mestra dos movimentos da matéria”. Na verdade quando criou esse termo ele apenas estava procurando conceitualizar um outro termo mais antigo que teria sido mal compreendido pelos escolásticos de sua época, o termo “Anima Mundi”. Com suas origens de raízes pré-socráticas essa teoria perece ter sido melhor explicada por Platão quando a chama de “fonte cósmica de onde saem todas as almas individuais”.
Não é preciso ir muito longe pare relacionar o arquétipo feminino com o conceito da Anima Mundi e consequentemente o próprio poder gerador da vida que as mulheres trazem consigo e que possibilita o nascimento sucessivo de novas almas no mundo. Nesse ponto cabe aqui uma ligeira comparação com a capacidade de retratar o intangível, aquilo que ao mesmo tempo imprime marca inconfundível, mas que precisa de olhares atentos e acurados para ser percebido, um tipo de olhar que perpassa os próprios olhos do observador e capta com os sentidos mais agudos as sutilezas do objeto observado.
Por comparação me refiro às semelhanças entre ambos no que se refere à capacidade receptiva que abarca, acolhe e nutre para depois resignificar o objeto expressando-o e exibindo-o com riqueza de detalhes que apenas uma força motriz pode ter. Esse parece ser o caso da série de aquarelas produzidas por John Nicholson, aquarelas que retratam mulheres em cenas de nudez não apenas de corpo, mas de alma, aquarelas que não deixam dúvidas da capacidade e da sensibilidade de um pintor que apesar de nascido e vivido até seus trintas anos no Texas consegue captar como nenhum outro as nuances nas mudanças de tonalidade dos corpos da mulher brasileira em cenas cotidianas onde a relação das tonalidades de claro e escuro se dá como um verdadeiro balé harmonioso e prazenteiro imprimindo no intimo do observador uma forte sensação de vida vista ao vivo em cada uma das telas.
Muito interessante também notar a incrível habilidade de captar os movimentos de suas modelos possibilitando com isso que o observador quase que possa adivinhar o movimento seguinte ao retratado o que causa a quem observa em série á esses trabalhos a sensação de estar vendo um filme com suas imagens em movimento. Vale também ressaltar que a escolha de tons pastéis neutros foi extremamente bem sucedida concedendo aos trabalhos uma leveza perfeitamente digna de comparação com os grandes mestres como Paul Cézane e Claude Monet o que certamente farão com que esses trabalhos entrem em um futuro breve para a história das grandes aquarelas produzidas no Brasil.
Curadoria e Textos Zenon Valcacer