Texto curatorial
ID
A abreviação em língua inglesa de identity é também a sílaba que denomina a instância mais básica da personalidade. Para Freud, o id é a fonte da libido, que funciona segundo o Lustprinzip (o princípio do prazer), é formado pelas pulsões, pelas urgências biológicas e pelos desejos inconscientes. Combinado ao ego e ao superego, compõe o tripé psicanalítico que dá forma à complexa variedade de comportamentos humanos: a ID de cada indivíduo.
A questão da identidade, em suas várias manifestações, está hoje no centro das atenções e foi o que motivou a provocação feita ao grupo de oito artistas convidados para essa exposição. A proposta de que apresentassem retratos em pintura remete ao Renascimento e ao surgimento do antropocentrismo, com a consequente valorização das individualidades. Contemporaneamente a pintura espelha o prazer pessoal do reencontro com o pincel, a tela, a representação figurativa e com a própria fatura artística. Obras sobre identidade são o fio condutor da mostra. Não somente os rostos, igualmente todo e qualquer fragmento de singularidade que se manifesta através deles, individuando e gerando identidades.
A exposição ID é um encontro com poéticas bastante distintas, desenvolvidas na trajetória artística de cada um desses oito artistas, quase todos residentes no estado do Rio de Janeiro. As obras aqui reunidas nos oferecem um recorte da produção de pintura em retratos no século XXI, apresentando trabalhos desse gênero que está presente ao longo de quase toda a História da arte.
Christiane Laclau